sexta-feira, 19 de outubro de 2007

"Blackjack" (1998)


A referência a Dolph Lundgren no post anterior deste blog tornou obrigatório um comentário mais aprofundado ao grunho sueco, que conquistou fãs, como todos sabemos, com a sua habilidade para representar Shakespeare.
Lundgren, nascido não Dolph, mas Hans, pode não ser o mais icónico dos heróis de acção, mas é sem dúvida o mais improvável: este gigante nórdico licenciou-se no Real Instituo de Tecnologia de Estocolmo, mestrou-se em engenharia química na Universidade de Gales do Sul, na Austrália, e consgeuiu uma bolsa no MIT de Massaschussets. Para além disso, é um mestre de artes marciais, que descobriu no exército e está a tentar o seu triplo cinturão negro. Ele é, praticamente, um homem da renascença preso no mundo do cinema chunga. De facto, ele chegou a ser fotografado por Andy Wharhol.
Como se vê, um enigma, o nosso Dolph. Um enigma tão grande que vários mitos já cresceram sobre ele: no Japão, diz-se que este sueco tem 3 metros e que é de um país perto do Pólo Norte (bem, esta parte do Pólo acab< por ser verdade), e que é filho de um caçador de ursos, tendo crescido na paisagem mais selvagem conhecida pelo Homem. Mas nada de enganos: este é o homem que fez algumas das parelhas mais interessantes de acção: Van Damme, o falecido Brandon Lee; e como esquecer esse encontro de gigantes (um mais que outro) que é "Rocky IV", onde o Rocky Balba de Sly "El gingão" Stallone mede forças, literalmente, com o Ivan Drago de Lundgren, uma máquina de matar sem sentimentos, num dos grande filmes de propaganda de todo o sempre. E é preciso ver que o sueco entrou num filme Bond e em Johnny Mnemonic. Logo, este homem não é só chunguice. Até fundou uma companhia de teatro!
Portanto, Lundgren é um atípico no mundo da acção dos anos 80. Na verdade, é tão fora da norma que é impossível destacar um série B de um conjunto de fitas onde Lundgren se metamorfoseia em homem do Leste da Europa de alguma forma ligado ao exército e que tem de embarcar em missões de vingança. Como "Rocky IV" não é na realidade um série B, fica a referência a "Blackjack", a fita que reúne dois mundos absolutamente antagónicos: a rigidez e bacorismo de Lundgren com o profeta do cinema de acão do final dos ano 80, o grande John Woo, que tem também na sua carreira maus filmes, alguns deles recentes, e que numa fase do seu percurso profissional, posterior a ter realizado alguns dos filmes de acção mais potentes, espectaculares e significativos do género, se entreteve com telefilmes de segunda, o que é um fen+omeno, em si, que poderá vir a ser estudado neste blog. Lundgren é o personagem que dá título ao filme, uma espécie de guarda-costas de pessoas influentes. aqui, ele necessita de proteger uma família que dirige um casinho em Las Vegas e especialmente, a filha mais nova do nono, uma menina de 6 anos e que, como convém nestes filmes, é extremamente fofa e querida, porque só assim é que vamos gostar de uma criança. O elemento "peixe fora de água" do filme é ver a tacanhez de Lundgren, uma gazela das artes marciais aprisionada no corpo desmedido de um urso escandinavo, a tentar coordenar-se com a graciosidade de ballet habitual das coreografias de Woo. Isto dá um elemento cómico ao filme, principalmente para quem já viu Chow-Yun-Fat a fazer o mesmo. Para mais, aqui o personagemd e Lundgren tem um trauma: não consegue olhar para a cor branca. IOsto, supostamente, devia tornar complexa a sua representação. Apenas a torna ainda mais bizarra.

Um actor que devia ser a sequela de Max Von Sydow, mas em esteróides; no entanto, nem a um remake consegue almejar. No entanto, de todos os heróis chunga aqui abordados, é o que mais próximo está de algum dia ganhar um prémio Nobel.

Nenhum comentário: