domingo, 30 de setembro de 2007

"Universal soldier" (1992)


Falar de Jean-Claude Van Damme é penetrar num território de lendas de onde dificilmente se sairá incólume. "The muscles from brussels", epíteto pelo qual ficará para sempre conhecido este baixote belga, mas com cabedal suficiente para enfaixar três polícias contra um poste, passeia-se hoje em dia pelo degredo dos reality shows, e os problemas que teve em meados da década de 90, nomeadamente com drogas, abusos da mulher e o diagnóstico de doença bipolar não nos podem fazer esquecer toda uma obra. O que separa Van Damme de outros quejandos é a sua crença pura de que se podia tornar um actor sério. Enquanto que boa parte dos senhores da série B de acção sabem que o máximo a que podem almejar é uma salva de palmas dos amantes da pancada de criar bicho, Van damme levou-se a sério; e assim, seriamente, tornou-se num dos maiores canastrões da década.
Van Damme é, na realidade, um artista: foi campeão de kick-boxing e é autor de aforismos vários sobre a vida, na forma de pensamentos abstractos e pistas de como ser feliz. A sua receita? O conhecimento de si mesmo. A partir daí, é sempre a abrir. De facto, os seus personagens têm normalmente essa noção, principalmente quando sabem que se forem dar com um taco de basebol numa rótula, o mais provável é esta se fracturar. Na realidade, Van Damme conhecia-se tão bem que perdeu a oportunidade de entrar nesse grande clássico que é "Predador": insatisfeito com a forma como era tratado, e visto que ninguém o depsedia, lesionou um dos duplos propositadamente para ser despedido. Belo. Ainda teve tempo para ganhar um prémio de "Pior revelação", nos Razzies, pelo filme "Bloddsport", o que também é belo.
Destacar-lhe uma obra, como noutros grandes ícones, é complicado. Mas um filme charneira na carreira de João Cláudio é indubitavelmente "Universal soldier", que merece ser aqui também destacado porque é o encontro do belga com outro gigante, literalmente falando, da representação bruta, outra vez literal: Dolph Lundgren, o sueco que em Rocky IV era russo e neste filme é um norte-americano, morto no Vietname por Van Damme, não sem antes matar o personagem do belga, Devereaux (perante a ineficácia de Van Damme disfarçar o próprio sotaque, os seus personagens eram invariavelmente francófonos). Os corpos de Devereaux e Scott, o personagem de Lundgren, são transformados em ciborgues, juntamente com outros camaradas. São soldados universais, máquinas de matar sem consciência. precisamente o sonho de uma ou outra potência mundial que eu cá sei. Quando uma jornalista mete o bedelho no assunto, a coisa vira toda. E não é que, apesar de mortos, Devereaux e Scott ainda se lembram da sua rixa passada? E que Van Damme é o bonzinho? E que a jornbalista se apaixona por um ciborgue? isto é acção chunga + série B pura, dois filmes pelo preço de um. Quem disse que Tarantino e Rodriguez são assim tão inovadores no conceito de Grindhouse?

Um filme que provocou um remake na carreira de Van Damme, remake esse que acabou quando estreou a sequela e foi um fracasso.

E como é moda nos filmes de acção de início da década de 90, o tema principal era uma metalada. Aqui, cortesia dos Megadeth.

"Grindhouse" (2007)

Temos Grindhouse: DeathProof y Grindhouse: Planet Terror. Temos mãos do Robert Rodriguez e do Tarantino. Temos acção, diálogos 'tarantinescos', mortes, fantasia, sangue.
Para quem gosta das obras destes dois cineastas não pode deixar de ver este 2 em 1. Não haverá arrependimentos. Garanto.
Não quero falar mais, portanto deixo aqui um videozinho com trailers dos 2 filmes.

Obviamente não necessita de sequela nem de remake.

sábado, 29 de setembro de 2007

Um Héroi dos antigos.

O seu nome é Rocketeer e surge nos cinemas em 1991, realizado por Joe Johnston, com Bill Campbell no papel de Cliff Secord um piloto de aviões que se torna heroi por obra do acaso. A fazer o papel de menina bonita deste filme temos a linda Jennifer Connelly, ela faz de Jenny Blake a namorada do nosso heroi. Outra cara conhecida e com a qual simpatizo é Timothy Dalton ele é Neville Sinclair o vilão deste filme, um actor que trabalha como espião nazi. Este filme é de grande simplicidade e consegue trazer toda a nostalgia aérea que existia na década de 30 (2ª Grande Guerra), num estilo muito proximo ao de Indiana Jones (apetece dizer que Rocketeer é um Jones dos céus).
Um filme que não teve sequela porque não teve o sucesso esperado, bom para ver numa tarde de domingo depois de uma noite muito longa, que eu aconselho.

Gostei, fico á espera de uma Sequela ou de um Remake. lol


sexta-feira, 28 de setembro de 2007

"Allo Allo!" (1982-1992)

Passando pela FNAC, pelos DVD, pelas séries e encontro "Allo Allo!".
Para quem conseguiu sintonizar a RTP2 durante as últimas décadas, acho que não é preciso sequer dizer mais nada. Sitcom britânica no seu melhor!
II Grande Guerra Mundial, França, um café com um dono que não se quer chatear com a guerra, resistência "abeque", dois pilotos britânicos com cebolas na cabeça, Gestapo à procura do quadro da Madonna com as mamas grandes, a sogra que tem o radio de comunicação debaixo da cama, empregadas de mesa que sabem como satisfazer a clientela, distinção de línguas através do sotaque embrenhado em palavras em inglês, ...!
Momentos bem passados! Podem fazer mais sequelas!

terça-feira, 25 de setembro de 2007

"Before sunrise" (1995)

"Before sunrise" tem uma premissa é tão simples que se torna ridícula de ouvir: dois jovens, o americano Jesse e a francesa Celine conhecem-se no comboio onde ambos viajam pela Europa. Num impulso, ele convida-a a passera-se com ele, em Viena, para lhe fazer companhia no tempo em que tem de esperar pelo vôo na manhã seguinte. Ela seguia para Paris e deixa-se convencer. O filme retrata o que ambos fazem no tempo que medeia esse convite e a despedida na manhã seguinte.
E o que fazem os dois? Essencialmentte conversar; pelo meio, aproveitam para se apaixonar. No final, nem querem pensar nas suas vidas sem a presença do outro. Todo este processo é detalhado num espantoso argumento de Linklater e Kim Krazin, baseado numa experiência semelhante do realizador, mas na cidade de Filadélfia. Os personagens auto-descrevem-se em observações sobre a vida, sobre a existência, sobre pequenos pormenores, para mais tarde as palavras serem desmentidas pelas acções, provando que ambos são contraditórios e hipócritas: numa outra palavras, são humanos. É isso que os torna credíveis, e por arrasto o filme. Longe de mostrar grandes cenas românticas, com tiradas grandiloquentes e gestos maiores que a vida, "Before sunrise" é o processo de atracção no que tem de mais simples: as conversas que mostram o click, os pequenos momentos em que observamos a pessoa que nos atrai, a vontades que temos de tocar no outro com gestos subtis, a mecânica algo atabalhoada do primeiro beijo...
Linklater, com a sua abordagem directa, aproveitando o belíssimo cenário que é a capital austríaca, permite ao filme respirar ao rimo das pessoas, mas boa parte do encanto de "Before sunrise" dá-se com a mecânica e química entre Ethan Hawke e Julie Delpy, os actores do filmes. Ambos têm energias diferentes: Hawke é expansivo, é cínico, é sarcástico; Delpy é algo ingénua, sonhadora, é infantilmente imprevisível. Combinam-se. Ambos encarnam na perfeição os temas principais de Jesse e Celine: se ambos simbolizam uma atitude e um querer de viver a vida apaixonadamente, ele é essa vontade na prática; ela na teoria. Celine procura cultivar relações, construir a sua vida a partir disso; Jesse aproveta o que a vida lhe traz e considera-a, nas sua spróprias palavras, "uma grande festa onde entrou sem ser convidado. No entanto, ambas as atitudes fazem com que se sintam atraídos um pelo outro.
O final é uma pérola fabulosa, a conclusão óbvia e natural de tudo. O que ainda dá mais valor a toda a história.
Eis um filme do qual as palavras são inimigas. Gostava de poder retirar sentimentos e postá-los, mas não posso. Por isso, leiam isto e dpeois vejam o "Before sunrise", para descobirem o quão redutor e racional fui com algo que é tudo menos isso.

Um filme que teve sequela e com dezenas de remakes diários por esse mundo fora.


quarta-feira, 19 de setembro de 2007

O Melhor Desperado.

I'm looking for a man... who calls himself Bucho! That's all! And you had to do it, the hard way!

Desperado é um filme de Roberto Rodrigues de 1995 com Antonio Banderas como El Mariachi e Salma Hayek como Carolina, a menina bonita que apimenta o filme e claro está, no final acaba com o Mariachi. A presença de Joaquim de Almeida não passa despercebida e leva nota positiva, interpretanto o papel de Bucho, o homem que se veste de branco e o pior inimigo de Mariachi . Quentin Tarantino tambem marca presença neste filme, uma presença muito à Tarantino, para quem me percebe... Danny Trejo e Steve Buscemi não acrescentam nada de novo, fazem os papeis a que tanto já nos habituaram.
Desperado é um filme com muitos tiros, boa musica, alguma paixão e uma das melhores cenas eróticas feitas até hoje.
Recomendo este filme e outros dois que lhe estão ligados, El Mariachi e Once Upon a time in Mexico.






Aqui é caso para dizer, um Remake de uma Sequela muito bem feito.


"Missing in action" (1984)

Chuck Norris. O homem que para as novas gerações será esse paladino da justiça e dos rodeos, Cordell Walker, ranger num estado qualquer no Sul dos EUA, é para aqueles que fazem zapping pelas nossas televisões um tipo anda mais duro, um soldado ao qual são entregue as missões mais impossíveis. Um fenómeno de culto recente da Internet.
Ao contrário da carreira de acção chunga de Scwarzenegger, a de Norris não se caracteriza por uma certa leveza transpota pelos one-liners e um tom slapstick nas matanças. O já tratado "Commando" tem quase tanto de comédia como de acção. A filmografia de Norris é de mais dureza: habitualmente, Chuck faz de homem rijo, granítico, que raramente se ri e nunca, mas nunca, diz uma piada quando mata alguém. É um tipo que leva os valores americanos a peito, contrariamente ao austríaco. Ele não se limita a representá-los, acredita piamente neles. É patente isso em filmes como "Invasão EUA", onde um russo lidera uma guerrilha sul-americana numa invasão aos país de todos os países (a imaginaçao fervilhante dos argumentiststas deste tipo de filmes poderá ser abordada aqui, num countdown das ideias mais bizarras já postas num filme de acção) e Norris é o único preparado para a ameaça.
Com obras como esta, ou a saga "Força Delta", ou mesmo "Mcquade - Lobo solitário", seria difícil destacar uma. No entanto, de acordo com o paradigma Reaganiano, atrilogia "Missing in action" (em português "Desaparecido em combate") é a opção óbvia. Aqui, Norris é James Braddock, um coronel regressado do Vietname que não consegue viver com a sua própria consciência (a mesma que lhe permitirá matar indiscriminadamente tudo o que mexe na hora e meia seguinte de filme), pois deixou dezenas de camaradas na mãos dos malvados vietnammitas e ninguém no exército norte-americano os quer ir buscar. Ele toma o assunto nas próprias mãos e decide passar o Vietname mais incisivo que uma chuva de napalm, numa busca desenfreada pelos camaradas caídos. Todo o filme está preparado para Norris, seja com os seus mítyicos pontapés rotaticvos, ou a sua técnica primitiva de rebentar gargantas com as mãos nuas. No final, ficamos a pensar que os norte-americanos tivessem enviado Norris sozinho para a guerra do Veitname, o resultado podia ser outro. Podemos chamar a este efeito o revisionismo histórido de Reagan. Afinal, a principal exportação de Chuck
Norris é a Dor. Com D grande mesmo.

Eis um filme que teve duas sequelas, e um remake em 2003, mas no Iraque.


"Bowling for Columbine" (2002) vs "Fahrenheit 9/11" (2004)

Parece que vou ser o primeiro a entrar pela categoria dos documentários, por isso vou ter um cuidado especial e abordar "pseudo-documentários" para a mudança não ser muito brusca.
A minha abordagem vai para nada mais nada menos que as duas fitas mais conhecidas do único e inimaginável Michael Moore. Disse, de início, "pseudo-documentários" porque se objectivo era serem documentários, então nem um nem outro valem um chavo. Já como "pseudos", a minha opinião muda de figura.
Em ambos, Moore utiliza técnicas influenciadoras vulgares mas eficazes. No meio de factos, mistura a sua opinião que aos olhos de um espectador não especialista na matéria (como 99% de nós) torna-se a mais pura das realidades.
No entanto, na minha opinião, apesar de "Bowling for Columbine" e "Fahrenheit 9/11" terem uma fórmula bastante parecida, há muito que distingue ambos os filmes.
"Bowling for Columbine" trata um assunto interessante (uso de armas nos EUA) e está todo ele muito bem montado. Tem uma abertura simplesmente "a rasgar", tem momentos de diversão e é uma crítica sob paródia bem conseguída, diria até genialmente conseguída. Já faz imenso tempo desde que o visionei, mas lembro-me bem de ter ficado encantado.
Já o "Fahrenheit 9/11" são apenas 122 minutos de uma tentativa de ridicularizar George W. Bush (como se este necessitasse de tal coisa). A mesma técnica infalível que torna "Bowling for Columbine" numa película fantástica, não resulta neste documentário. E porquê? Porque o primeiro trata-se de uma causa e soa muito bem, o segundo trata-se de "caça ao homem" que requer, no meu ver, outro tipo de cuidados. E eu não simpatizo com o Bush, tomara se o fizesse, simplesmente não gosto de ataques pessoais populistas e gratuitos (talvez com o Cristiano Ronaldo, até gostasse eheh). Esta minha opinião é uma característica muito pessoal, sou um pouco do contra e gosto de defender quem é atacado (é por isso que gosto dos documentários que mostram o lado mais bonzinho de vilões como o Hitler). Mas voltando ao Fahrenheit, acho-o forçado, exagerado e ainda por cima não tem aqueles momentos tal como o do Bowling em que se faz a caricatura da história americana através de desenhos animados. Falta-lhe conteúdo!
Finalizando, aconselho vivamente o a visualização do Bowling, para quem ainda não fez, e não digo para não verem o Fahrenheit, mas fica desde já a minha opinião (que está longe de ser a dominante) que é muito fraquinho... fraquinho mesmo!

domingo, 16 de setembro de 2007

"Freaks" (1932)

Gosto de ver filmes antigos (série B ou baixo orçamento em particular) para perceber como pensavam os artistas (argumentistas e realizadores) naquele tempo, onde chegaria a sua criatividade e tentar entender se nós hoje estamos assim tão avançados em ideias e coisas inovadoras.
Gosto de verificar que muito das boas ideias que temos actualmente são influenciadas por alguém que se lembrou de algo parecido há 20, 30 ou 50 anos atrás. Em algumas ocasiões isso não acontece e aplicamos a palavra Originalidade. Há cerca de 2 anos vi 'Freaks' após oferecer o DVD a um amigo que, tal como eu, é bastante apreciador de terror, gore, serie B, sci-fi (etc) e que adorou o filme. Eu também.
Não vou entrar em detalhes, pois as imagens e a historia sao demasido boas e estranhas para se transcrever por muitas palavras.É um filme cuja historia se desenvolve num circo em que a atracção principal são pessoas deformadas e com mutações genéticas, como por exemplo, anões, mulheres com barba, siameses, pessoas com meio corpo e outras aberrações várias. Para quem gosta do género é algo de bastante interessante. Aconselho.

Obviamente não precisa de sequela nem de remake.

João Santiago


"The breakfast club" (1985)


"The breakfast club", de John Hughes, é uma das grandes pérolas semi-ignoradas dos anos 80, mas se tentarmos resumir-lo em duas ou três linhas, presta-se a ser um filme que pode descambar: afinal, a premissa fala-nos de 5 jovens que, propositadamente, representam os clichés que temos da juventude: Brian, o cérebro; Bender, o rebelde; Andy, o desportista; Claire, a menina bem; e Allison, a passada dos carretos. Num sábado, são forçados pelo director a ir à escola e passar oito horas fechados numa sala, de castigo, para escreverem um ensaio sobre o tema "Quem sou eu?". Claro que as características próprias entre as personagens os vão colocar em conflito uns com os outros, forçando-os a descobrir no processo aquilo que são por detrás do que querem existir para os outros. Fazer um filme sobre jovens fortemente baseado em diálogo e com muita pouca história é arriscado, mas o talento de Hughes, que traça os seus personagens com a dose certa de leveza e profundidade, fazendo-nos interessear por elas sem nos sentirmos afogados no seus problemas, sustenta o desafio. Para mais, o filme tem um inspirado casting, com Emilio Estevez, Judd Nelson, Ally Sheedy, Anthony MIchael Hall e Molly Ringwald, que viria a ser a teen queen dos anos 80. A razão pela qual o filme vai resistir ao teste do tempo é porque, ao contrário da política e de temas sociais, as emoções humanas nunca vão passar de moda: daqui a 100 anos, ser adolescente vai continuar a ser tão desesperante e horrível como é hoje; e no entanto, nenhum de nós trocava essa fase por nada e gostávamos de a viver outra vez. "The breakfast club" é um filme que faz os adolescentes compreenderem-se a si próprios e quando fala das relações entre pais e filhos, talvez ajudasse os adultos a verem os filhos adolescentes de outra maneira. Claro que tem happy ending, o filme. São os anos 80. A aadolescência nem sempre acaba assim. Mas o cinema é sonho, e todos nós gostávamos que a vida fosse como queremos, certo? Vejam "The breakfast club": uma obra sobre a qual se chegou a falar em sequela, mesmo com todos os remakes atrasados que dela se fizeram.



P.S Ah, e não esquecer Paul Gleason, no papel de director da escola. Morreu este ano. Uma vénia a esse senhor.

Prison Break (2005-2007)

Não faz muito mais que um ano que alguém me falou numa nova série em «que a personagem principal tinha tatuado a planta de uma prisão em todo o seu corpo, simulado um assalto para ser preso de propósito e ir tentar salvar o irmão estava no "corredor da morte"». Uma descrição que não só pouco me entusiasmou, como pensei logo que seria daquelas que não aguentaria mais de 10 minutos à frente do ecrã. Porém, tive a felicidade de ver alguns episódios na RTP e suscitou-me o interesse que me levou a começar a "sacar" de início a série pela net.

Revelou-se tudo menos aquilo que esperava após ouvir aquela pseudo-sinopse. A história parece bem simples e tem pormenores que à primeira vista tornam a série vulgar, só que consegue aliar a esse pormenor um desenrolar verdadeiramente fascinante e (totalmente) viciante. O forte de Prison Break estão nos planos geniais da fuga bem estudada e montada por Michael Scolfied e a maneira como consegue agrupar um grupo de presidiários para alcançar o seu fim. Para além da história, realce para boas interpretações e, apesar de não perceber muito disto, acho que tem uma excelente "fotografia". É bom que se diga que a série ganha também por não se centrar demasiado nas personagens principais e dar o devido destaque a outras que acrescentam muito valor.

Segunda-feira, começa a 3ª e última temporada! A acreditar pela tendência (pouco normal, diga-se) da série, é de se elevar as expectativas, pois a segunda não ficou nada a dever à primeira. Para quem acha que se resumia a uma fuga da prisão (como eu pensei inicialmente), desengane-se... "Escape is just the beginning"! As temporadas estão bem divididas e ajuda a digerir todas as reviravoltas da história. Sinceramente, acho que até gostei mais da segunda do que a primeira. Grande destaque para a inclusão, no início da 2ª temporada, de William Fichtner, o "Agente Mahone" da FBI, o rival quase à altura da genialidade de Scofield.

É a sequela final que espera não necessitar de remake.
(Ok, a piada é fraquita, mas pelos vistos é obrigatória :p )

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

"Faster, Pussycat! Kill! Kill!" (1965)

Chamem-me romântico, mas a escrever sobre cinema, tinha que começar com tema da Sexploitation e o cinema trash. Este filme é uma ode à violência, ao sexo, ao mau gosto e a todos os filmes que já viram e pensaram que tinha um mau argumento, mas gostaram de ver. O realizador, Russ Meyer, é demais conhecido por abordar estes elementos nos seus filmes série B assim como ter como protagonistas mulheres de enormes seios que não têm medo de os mostrar. Recordei-me desta película ao ver “Death Proof” de Tarantino e o modo como este tenta recuperar alguns elementos deste género que muitos consideram genial e outros, simplesmente, lixo.
No filme, Tura Satana interpreta o papel de Varla, líder de um gang de 3 stripers (bailarinas exóticas, vá), que dedicam o seu tempo a vaguear em grandes carros, fazendo corridas e espalhar o pânico. Sem percebermos bem o seu sentido, somos presenteados com cenas de pancada entre mulheres, corridas de automóveis interpretadas por maus actores, más actrizes e realizados por um tipo com sérios recalcamentos da infância. As protagonistas entram num esquema para roubar dinheiro a um velho que o guarda no meio do deserto depois de Varla espancar até à morte um tipo e fugir com a namorada dele desmaiada por causa de um cronómetro. Confusos? Não fiquem. É um filme que entretém do primeiro ao último minuto e dá vontade de ver mais deste realizador que negligencia a qualidade para dar ao espectador o que ele quer, sexo e violência gratuitos. Para mais, o filme é um saco cheio de clichés e frases cheias de estilo como: “I never try anything. I just do it. And I don't beat clocks, just people! Wanna try me?”

Fica um aperitivo:

Não tem sequela, mas gostava de ver um remake.

Vítor Hugo Silva

http://www.imdb.com/title/tt0059170/

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

"Commando" (1985)

A década de 80 trouxe-nos alguns dos grandes clássicos da história do cinema, mas também anunciou a chegada de um sub-género que fez furor: o cinema de acção Reaganiano. Ronald Reagan, como estarão recordados, presidiu aos destinos dos EUA durante boa parte desta década, e a sua atitude política relativamente ao exterior, dura, musculada, irredutível, traduziu-se numa série de filmes e de heróis que marcam a imaginação de quem, como eu, foi criança durante este tempo.
Um excelente exemplo deste género é protagonizado por uma das suas maiores estrelas, o actual governador Arnold Schwarzenegger, e brilha quase isolado no firmamento do cinema chunga: falo, evidentemente, de "Commando", de Mark L. Lester. Como convém nestes filmes, a história conta-se em poucas linhas: Arnie é John Matrix, antigooficial de Operações Especiais, agora retirado. Quando lhe raptam a filha para o obrigar a assassinar o presidente de um país da América Latina, Matrix é obrigado a voltar aos velhos hábitos, para salvar a sua preciosa pérola das mãos de Arius, general que insiste ser tratado por "El presidente", e Bennett, facínora-mor e arqui-inimigo do herói.
Segue-se aquilo que o cinema reaganiano tem a mais e que transforma os sues filmes em comédias involuntárias: explosões fantásticas, matança generalizada provocada pelo homem-exército que é Matrix (89 em cena e provavelmente dezenas de outras nas explosões) e tiradas cómicas de génio, os one-liners que ainda hoje são obrigatórios no género de acção.
Destaco o momento em que Matrix aniquila o homem que é suposto vigiá-lo num avião para depois pedir à hospedeira que não acorde o homem, porque este está "dead tired"; ou o momento em que Matrix mata Bennett, com um tubo de vapor, aconselhando o inimigo com sabedoria folclórica: "Let off some steam, Bennett".

Um clássico, como podem ver, com dezenas de remakes nos anos seguintes, mas que, ao contrário de "Commando", não deixaram sequelas.

"Os sete samurais" (1954)

Dos filmes de Akira Kurosawa, Sete Samurais é dos que obtem mais sucesso a nivel mundial chegando a ganhar o Leão de Prata do Festival de Veneza de 1954. Sete Samurais é um filme de grande beleza e com uma historia muito rica que oferece tragédia, drama, alguma comédia e muita acção. (Pode-se dizer que este filme influencia muitos filmes de acção da actualidade.)
No inicio é estranho estar a ver um filme a preto e branco, falado numa lingua que para a maior parte de nós é estranha e com os nomes dos personagens nada faceis de fixar (Se conseguirem fixar algum nome coloquem na secção de comments, porque eu nao consegui.) mas passado poucos minutos esta sensação desaparece e já estamos tão envolvidos com o filme que ja nem nos apercebemos deste promenores. Na história, uma aldeia constantemente atacada por bandidos, vê-se obrigada a procurar ajuda de Samurais abandonados á sua sorte. Lentamente se vão juntando Sete Samurais cada um com uma habilidade especial que partem para ajudar a aldeia necessitada e como pagamento comida e no final amizade.

Esqueçam os Remakes e vejam o original.


http://www.imdb.com/title/tt0047478/


Pedro Longuinho

"Everything is illuminated" (2005)

Jonathan. Jovem americano, judeu, origem ucraniana e com a obsessão de coleccionar tudo, decide partir para uma viagem ao Leste Europeu (Ucrânia) em busca de algo do passado do seu avô de forma a completar parte da sua colecção. Aí conhece Alex (Eugene Hutz, vocalista da excelente banda Gogol Bordello), que juntamente com o seu avô (que diz ser cego, mas não é) o ajudam nesta tão 'very rigid search'.
Qualquer simples objecto serve para Jonathan guardar em pequenas bolsas plásticas, cada situação que vive nessa viagem são úteis para descobrir algo do passado. Este filme é uma constante descoberta. Tem partes tristes, melancólicas mesmo, tem partes bem divertidas, detalhes da vida ucraniana bem interessantes, tem..tudo para realmente ser um filme bastante apreciado.
O seu realizador, Liev Schreiber (péssimo actor que devem conhecer de vista), revelou-se bastante capaz de seguir com boas obras.
Uma nota muito positiva para a banda sonora, com bastante música do leste europeu e como os já referidos Gogol Bordello (conhecidos por 'gispsy punks') que têm um som fantástico e que aprecio bastante.

Obviamente não necessita de sequela nem de remake.

João Santiago

http://www.imdb.com/title/tt0404030