quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Bowling for Columbine" (2002) vs "Fahrenheit 9/11" (2004)

Parece que vou ser o primeiro a entrar pela categoria dos documentários, por isso vou ter um cuidado especial e abordar "pseudo-documentários" para a mudança não ser muito brusca.
A minha abordagem vai para nada mais nada menos que as duas fitas mais conhecidas do único e inimaginável Michael Moore. Disse, de início, "pseudo-documentários" porque se objectivo era serem documentários, então nem um nem outro valem um chavo. Já como "pseudos", a minha opinião muda de figura.
Em ambos, Moore utiliza técnicas influenciadoras vulgares mas eficazes. No meio de factos, mistura a sua opinião que aos olhos de um espectador não especialista na matéria (como 99% de nós) torna-se a mais pura das realidades.
No entanto, na minha opinião, apesar de "Bowling for Columbine" e "Fahrenheit 9/11" terem uma fórmula bastante parecida, há muito que distingue ambos os filmes.
"Bowling for Columbine" trata um assunto interessante (uso de armas nos EUA) e está todo ele muito bem montado. Tem uma abertura simplesmente "a rasgar", tem momentos de diversão e é uma crítica sob paródia bem conseguída, diria até genialmente conseguída. Já faz imenso tempo desde que o visionei, mas lembro-me bem de ter ficado encantado.
Já o "Fahrenheit 9/11" são apenas 122 minutos de uma tentativa de ridicularizar George W. Bush (como se este necessitasse de tal coisa). A mesma técnica infalível que torna "Bowling for Columbine" numa película fantástica, não resulta neste documentário. E porquê? Porque o primeiro trata-se de uma causa e soa muito bem, o segundo trata-se de "caça ao homem" que requer, no meu ver, outro tipo de cuidados. E eu não simpatizo com o Bush, tomara se o fizesse, simplesmente não gosto de ataques pessoais populistas e gratuitos (talvez com o Cristiano Ronaldo, até gostasse eheh). Esta minha opinião é uma característica muito pessoal, sou um pouco do contra e gosto de defender quem é atacado (é por isso que gosto dos documentários que mostram o lado mais bonzinho de vilões como o Hitler). Mas voltando ao Fahrenheit, acho-o forçado, exagerado e ainda por cima não tem aqueles momentos tal como o do Bowling em que se faz a caricatura da história americana através de desenhos animados. Falta-lhe conteúdo!
Finalizando, aconselho vivamente o a visualização do Bowling, para quem ainda não fez, e não digo para não verem o Fahrenheit, mas fica desde já a minha opinião (que está longe de ser a dominante) que é muito fraquinho... fraquinho mesmo!

2 comentários:

João Santiago disse...

Tenho exactamente a mesma opinião. Considero o 'Bowling for Columbine' um documentario muito bem feito e extremamente interessante, enquanto que o Fahrenheit 9/11 é demasiado..banal. É tão fácil dizer mal do Bush, usar numeros e factos sensacionalistas para aguçar (ainda mais) o ódio (partilhado por mim) por esse homem.

O Michael Moore só nao fez o 'Big Size Me', porque é muito gordo e perdia toda a razao. Mas encaixava bem na sua ideologia.

luminary disse...

Curiosamente, o melhor documentário de Michael Moore acaba por ser o seu último, "Sicko", onde mistura a veia inata para apresentar unjustiças de forma sensacionalista com sugestão de soluções para o problema, ao contrário de "Bowling for Columbine". E pasmemo-nos, Moore mal aparece no documentário e tem uma condução sóbria do mesmo. Ainda assim, em termos puramente de força, o terceiro documentário do anafado cineasta (que tem duas obras anteriores que nunca vi, "Roger and me" e "The big one", para além da série "The awful truth", onde ensaia as mesmas táticas que utiliza nos sues documentários) é obviamente o mais completo e para além das óbvias cena sem que nos põe a rir, consegue um momento pungente quando encena, através de imagens das câmaras de segurança e comunicações telefónicas com a Polícia o tiroteio de Columbine. Moore é, acima de tudo, um gestor barato de emoções: uma pessoa prevenida não cai nas suas armadilhas. Mas como anti-establishment, talvez seja essa a única maneira de acordar o espectador da letargia.