sábado, 17 de janeiro de 2009

A visita do tio Óscar: Melhor actor



No ano passado, os nomeados para a categoria do melhor actor englobavam um grupo de assassinos, capangas, serial-killers e sociopatas, que meteria medo ao próprio Bin Laden. O mais bonzinho de entre eles, o advogado, interpretado por George Clooney, que dá título ao filme "Michael Clayton, era um aldrabão, que só lápara o final do filme desenvolve uma consciência. Depois deste master class de representação do mal (onde Daniel Day-Lewis arrasou, e bem, a concorrência), este ano assiste-se a uma viragem, e assim como Barack Obama anuncia que a esperança está a caminho, também os personagens em destaque este ano trazem um certo bem-estar com a vida, com segundas oportunidades, com a construção de algo de bom.
É por isso que as duas certezas nas nomeações deste ano são Sean Penn, em "Milk", e Mickey Rourke, em "The wrestler". O segundo é um nomeado improvável, não só por ter passado quase 15 anos fora da indústria, à excepção do ocasional papel para ganhar dinheiro, mas também por ter inimigos em tudo quanto é canto daquela cidade. O facto de Sean Penn (também um grande actor, mas sejamos sérios: o tipo tem gente que o odeia de morte, pela pose pretensiosa e opiniões polémicas) ser o seu principal adversário diz muito da corrida deste ano, e pode fazer com que o Oscar fuja quer a um, quer a outro. Mas isto são reflexões para outra altura.

Então, quem entra na dança para as restantes três cadeiras? A atender aos prémios percursores, parece-me lógico incluir Frank Langella, em "Frost/Nixon". Langella é um actor que tem trabalhado dentro e fora da indústria, já leva 70 anos, zero nomeações para Oscar, apesar de ser um deus no círculo teatral, e interpreta um personagem real, Richard Nixon, na adaptação de uma peça da Broadway realizada por Ron Howard. Mais Oscar-proof, só se Nixon tovesse sido um judeu no meio do Holocausto. Para mais, Nixon não é alguém que ficou perdido no meio da história. Pertence ao espaço de memória de muitos membros votantes da Academia.
Sobram dois lugares e candidatos não faltam, desde os mais prováveis aos mais incríveis. A meu ver, penso que as duas hipóteses mais credíveis serão Brad Pitt, por "The curious case of Benjamin Button", e Clint Eastwood, em "Gran Torino". Começando pelo que me parece ser mais certo, Eastwood é um daqueles casos de amor na Academia e de aparuções surpresa à última hora. Não se tem falado muito nem nele, nem no seu filme, mas o mesmo tinha acontecido com "Million dollar baby", e o homem meteu ao bolso dois Óscares (realizador e filme) e uma nomeação significativa (actor), deitanbdo por terra o que toda a gente considerava ir ser o ano de Scorsese, na altura com "The aviator". Ele ia repetindo a gracinha com "letters from Iwo Jima", mas esse ano era mesmo o ano de Scorsese, e nem Cristo poderia ter impedido. "Gran Torino" facturou muito bem no primeiro fim de semana de exibição e embora me pareça um daqueles filmes simplistas, com um personagem que Clint interpretou dezenas de vezes, eles gostam disso. A juntar a tudo, Eastwood anunciou que esta é a sua últimaperninha como actor, e não estou a ver um conjunto de pessoas que o apoiou constantemente a negar-lhe esta oportunidade. Quem sabe, se não mesmo o Oscar... Quanto a Brad Pitt, ele é a estrela daquele que será, provavelmente, o filme mais nomeado. Há quem critique a sua performance por ter uma forte componente digital, e o seu papel por ser passivo, mas a julgar pelas nomeações que tem tido noutros prémios, é uma minoria. Brad Pitt tem sido a cara do filme, e na obra em si, é a nossa ligação a uma história que tinha tudo para descambar, com que ele mantém centrada num realismo com que nos identificamos. Para além disso, ttransofrmaçõa física, meus amigos. A Academia adora quando os bonitos se decidem tornar feios.
A correr por fora, temos Leonardo di Caprio, em "Revolutionary road", uma hipótese que tem vindo a decrescer de força com o tempo; Richard Jenkins, em "The visitor", sério candidato às vagas de surpresa e actor independente, mas lá está, quantos veteranos do cinema indie pode caber nesta categoria, quando Frank Langella já cá está?; Josh Brolin, em "W.", um filme polémico, mas com uma impressionante unanimidade em torno da performance de Brolin; Benicio del Toro", em "Che", naquela que parece ser a sua grande interpretação, mas sendo Che Guevara e um filme muito à margem da industria, apesar do prémio de melhor actor em Cannes, é uma long shot; e ainda mais long shot, mas que se fala, porque este foi o ano dele, Robert Downey Jr., em "Iron Man". No entanto, a meu ver, tudo se circunscreve a estes senhores

Sean Penn - "Milk"
Mickey Rourke - "The wrestler"
Frank Langella - "Frost/Nixon"
Clint Eastwood - "Gran Torino"
BradPitt - "The curious case of Benjamin Button"

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