sábado, 17 de janeiro de 2009

A visita do tio Óscar: Melhor actriz



A corrida de Melhor actriz é normalmente a mais previsível de entre as principais. Não costuma haver grandes papéis para mulheres em Hollywood e por isso as hipóteses reais nunca são muitas. Quando as há, recorre-se a uma fórmula normalmente infalível:

Meryl Streep/Cate Blanchett/ Kate winslet
Actriz em ascensão, gira como o diabo
Veterana respeitada
Representante indie
Actriz britânica/estrangeira

Este ano, penso que pela primeira vez na história, o primeiro elemento da fórmula pode ser dividido em três: Kate, Cate e Meryl estão todas na corrida. Winslet com "Revolutionary road", Streep com "Doubt" e Blanchett com "The curious case of Benjamin Button". As duas primeiras estão garantidas, parece-me, pois ambas são presenças habituais neste género de coisas, e aparentemente, têm papéis muito fortes, em termos femininos (no caso de Winslet, uma mulher dona de casa em crise existencial e matrimonial nos anos 50, e no caso de Streep, uma freira ulta-conservadora que tenta deslindar um caso de pedofilia em "Doubt"). Blanchett está mais tremida, pois até agora, não apareceu em prémios percursores, embora me pareça estranho, visto estar não só no provável filme mais nomeado, mas também ter um tour de force irrepreensível, uma interpretação magistral.
Na actriz em ascensão, gira como o diabo, Anne Hathaway, em "Rachel gettin' married". No filme de Jonathan Demme, interpreta uma actriz falhada, que sai da reabilitação por causa de drogas, para ir ao casamento da irmã mais velha que toda a gente adora. Um papel em modo de auto-comiseração, sarcasmo e sofrimento, como toda a gente gosta que as mulheres bonitas desempenhem. Hathaway tem-se tornado cada vez mais visível, em filmes comerciais e papéis secundários noutros mais arty, como "Brokeback mountain". Neste momento, é daquelas actrizes da moda em Hollywood, muito querida e acabou de passar por um escândalo onde o ex-namorado foi preso e ela foi vista como vítima de um logro. Tudo junto, não tem que enganar.
Os restantes postos, este ano, estão em overlapping, porque não há veteranas respeitadas na discussão e a única representante indie é Melissa Leo, uma actriz respeitada pelo seu talento, mas com personalidade agreste e sem star profile. Amy Ryan, no ano passado, conseguiu ser a desconhecida nomeada, mas no geral, era impossível ignorar a sua performance, e ela é simpática e mostra-se divertida a lidar com a imprensa. Leo não é assim. Apesar de o seu papel em "Frozen river" ser complicado e ela parecer estar brilhante, há outras candidatas que lhe podem roubar o protagonismo. No seu próprio território, tem Kristin Scott Thomas e Sally Hawkins, respectivamente em "Il y a longtemps que je t'aime" e "Happy go-lucky". Hawkins tem a vantagem de estar num filme de Mike Leigh, que criou uma tradição de arranjar nomeações para as suas actrizes principais (vide Brenda Blethyn e Imelda Stauntoun).
E claro, Angelina Jolie em "The changeling", um filme do nosso amigo Clint.
Tudo somado, a coisa anda à volta disto:

Kate Winslet - "Revolutionary road"
Meryl Streep - "Doubt"
Anne Hathaway - "Rachel getting married"
Angelina Jolie - "The changeling"
Sally Hawkins - "Happy-go lucky"

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